Friday, October 27, 2006

CREEP

Há dias assim... hoje foi um deles, e sei que ainda muitos o vão ser!

Sunday, October 22, 2006

Telepatia


Telepatia
Silêncio calma
Feitiçaria
Da tua alma

(...)

Lara Li


Só quem passa por este “silêncio calma”, sabe o alento que esta sentença tem! Há dias em que me intimida de tão forte que ela é, a telepatia. Sinto-a desde o dia que experimento o afecto que me enche a alma. Mas o que me assusta ainda mais, é quando o afecto se quebra pela distância e a telepatia permanece, mas da forma mais discreta que alguma vez se pronunciou.
Imagina-te, longe de tudo e de todos que preenchem o teu dia a dia, e sem quês nem porquês encontras-te, no mundo onde só tu tens licença para entrar, com alguém a quem a entrada lhe devia estar interdita.
- Pensava em ti!
- E eu em ti!

E ai percebes que nem tudo se perdeu! E o mundo que pensavas que era só teu é vosso como nunca o deixou de ser, e a telepatia, agora mais reduta que nunca, rege cada momento de tua vida.

(...)
Passo a passo
Sem ter medo
Abrimos, soltámos
O nosso segredo

E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão Profundo

Telepatia
Sem contratempo
Deixei-te um dia
Num desalento
E eu sonhava
Existia
Pra sempre pra sempre
Foi pura poesia

Sem pensar
Não vi-te, passavas
pelo meu corpo
Não ficavas

Telepatia…
Minha querida eu soube sempre
Eu já sabia que te ia conhecer
Minha querida era fatal
Fiz tanta Força
Para isto acontecer
És tão bonita meu amor
Eu não te queria perder
Já sei, adivinho
O que estás a pensar
Vim do outro lado do mar
Talvez um dia volte, não sei
Mas penso em ti, acredita
Adivinhei-te em segundos
Quando jurámos eternidade

E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão profundo

Telepatia
Silencia calma
Feitiçaria
Da tua Alma


Lara Li

Saturday, October 21, 2006

As minhas Asas


Por todos os momentos... que absorvi nos dias que rechearam até hoje os melhores anos da minha vida! Por todas as pessoas... que eu conheci e que hoje têm um lugar especial cá dentro! Pelas experiências... que me fizeram crescer e aprender a ser o que hoje sou!
Deixo aqui este poema, adaptado para música por uma das mulheres mais mulheres deste mundo, detentora de uma voz singular e envolvente, e que me acompanhou nos que foram até hoje, os melhores anos da minha vida…obrigada!

As Minhas Asas

Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
– Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.

Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
– Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
– Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas,

Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores

– Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.

Almeida Garrett

Monday, October 16, 2006

À espera


Fecha os olhos! Consegues ver(-te)?

Sim! Estou sentada na plateia, e a luz alaga o espaço à minha volta! À minha frente está um palco e sobre ele um pano caído. Não sei à quanto tempo estou ali, só sei que estou à espera…
Olho em minha volta e apercebe-mo que estou sozinha, mas ninguém ali está para ver!
Estranho!
Rebusco na minha mente mas não consigo lembrar o que ali vou assistir. Sinto apenas movimento por trás da cortina!
Já não deve faltar muito!
As vozes em sussurro são sinal de concentração e seja o que for que está para começar, deve ser para breve…
O tempo passa…
O movimento e as vozes continuam, e eu, à espera! Parecem lembranças para o meu espírito! Penso que sei o que afinal ali vou contemplar mas não tenho a certeza, o pano não sobe e a peça não tem meio de iniciar!
Ao menos que acabe o que ali vai atrás!
Mas não me parece que tenha fim…
Com tanta espera o sono começa a abraçar o meu corpo, e eu, carente de um afecto confortante, deixo-me levar!
Pode ser que quando acordar a cena já tenha principiado!

Foi um arrepio que me acordou! Esfrego os olhos preguiçosos que do adormecimento não se querem libertar, mas a curiosidade do que se iria apresentar à minha frente despertou-me por fim!
Já acabou tudo!
Mas não… ainda o pano estava caído com o seu abano! Só as vozes se tinham calado…e a peça, afinal, essa ainda está por encenar!

Sunday, October 15, 2006

P'ra ti



Eu tentei… mas não consegui!
Eu prometi… mas não cumpri!

Fui fraca agora, no momento em que me deixei levar pelo alento deste meu sentimento! Por isso, é p’ra ti o que aqui hoje escrevo …
Já não é a primeira… só sei que desta vez é diferente, pois das outras só tu me lias…e hoje, escrevo aqui… p’ra ti!

Não vou falar do que um dia nos uniu e hoje ainda nos brinda!
Não vou falar do que me faz sorrir todos os dias nem do que me (re)renova a vida depois de cada noite dormida ao teu lado!
Não vou lembrar as lágrimas libertas por momentos repartidos de tristezas ou alegrias nem de diálogos partilhados entre os espíritos que nos moram!
Não vou falar dos sonhos esboçados um dia nem daqueles que já se realizaram!
Não vou falar da amargura do ontem nem da incerteza do amanhã!

Vou falar do agora… deste mesmo momento em que sou fraca e ao mesmo tempo me dispo dele, como o bicho que renova a pele e se apronta para a nova estação!
Vou falar do que penso nesta fracção de segundo que se esvaia pelo corpo adentro na insatisfação do finito, que é, esta vida…

Um beijo

Thursday, October 5, 2006

Memórias


Hoje é Outono! Sim, hoje é Outono, assim como o foi há um ano atrás, e há dois, e igualmente o será daqui a um ano!Assim como as estações têm sazonalidade, também os “momentos” a têm! Não porque se repetem obrigatoriamente, mas sim pelas memórias a si associadas, e essas sim, se repisam! São recordações que amadurecem no interior, de modo semelhante às folhas da árvore caduca e que se preparam para partir. Mas ao contrário das folhas, as memórias não abalam! Estas vão ficando cá dentro, sem pedir licença ou autorização. Nunca se somem, apenas adormecem, mas estão sempre lá, prontas para serem recordadas no instante exacto.Eu gosto do Outono! Gosto das folhas das árvores, dos seus tons doirados e dos seus odores! Gosto de as sentir a ameaçarem-me o cabelo, quando levadas pelo vento! Gosto de as sentir debaixo dos pés quando se quebram ao meu pisar! Mas as memórias não! Não gosto das memórias desta estação porque me põe amarga como o vinho novo que não recebeu o sol suficiente ou como a marrone, que não é a castagne, que até os esquilos expelem.Espero um dia que estas lembranças se mudem ou sejam como aquela avezinha que habitava o meu jardim! Só na Primavera a ouvia entoar os seus piados sonantes, que apontavam a chegada da folha nova e tenaz! Serão folhas de um forro uníssono, em cada árvore outrora despida e exausta da voracidade amarga da outra estação, onde a avezinha não ousava ocorrer!Vou fazer do tempo o meu melhor amigo e confiar naquilo que ele me sussurra! Tenho esperança de um dia saborear o Outono da mesma forma que deleito a Primavera, sem temer as memórias que lhe estão ligadas!