Tuesday, November 28, 2006

Coisas...


Porque há situações que não se explicam, e por muito sábios que sejamos, nem sempre existe contíguo de termos para descrever estes ápices da nossa existência.
Se a vida tivesse seguido outro trilho, estarias agora aqui?
A decisão da escolha já foi tomada, e com ela não se volta atrás, por mais sequelas negativas que lhe estejam inerentes.
O que te faz sorrir nem sempre é aquilo que mais feliz te faz , pois pensas em demasia naquilo que é irrelevante, e perdes-te no tempo que já não volta, desprezando o que se te esvaía agora em teu redor. Deixas de ser tu para seres outrem que não conheces, e concluis que não conseguiste mais por realizares tal proeza.
Iludiste-te momentaneamente quando não seguiste o teu instinto, e agora, que tudo se esgota na origem por estar acumulado na represa, estoira pela ordem natural das coisas!
É então que o inesperado nos traz à realidade, ou a concretização do mais temido nos desperta para a vida…
São as relações agora que se fortificam, porque o valor devido que não se fazia prevalecer pela vergonha de assim ser, se vinca de vez na tua atitude e resulta num enleio quente e sentido!
Renasce aquele que um dia foste e pensavas já o ter perdido, e marcas posição naquele confronto que temias inconscientemente...

Monday, November 20, 2006

De mãos dadas



Ontem fui ver-te.
Estavas sentado no lugar de sempre; sonolento e taciturno.
Chamei-te.
Deste por mim e sorriste-te todo.
Dei-te um beijo…
Perguntaste como eu estava. Respondi e a mesma pergunta te fiz.
Brindaste-me com a tua mão. Peguei nela e olhei-te... mas não estava a ver-te. Por instantes... fugi dali…
Estava de mão dada, sim, mas não era contigo. Só o frio e a força débil de muitas décadas vividas, eram os mesmos.
Queria ter apertado mais vezes aquela mão, e conseguir um sorriso maroto das piadas que lhe davam mais brilho nos olhos…
Puxaste a minha mão e chamaste-me daquela forma que há muito não chamavas.
Parei de fugir. Ofereci-te um abraço e outro beijo, e um soluço que se escapou do meu peito.
Sorriste.
Levantaste-te e fomos passear ao sol desta estação. Sentámo-nos e olhei-te outra vez…
Dei graças por estares ali, comigo, e daquela forma tão singular.

...



Não o digas. Não digas nada. Não precisas de dizer…
Eu sei-o!
Basta olhar-te… teus olhos dizem-me mais do que poderias falar!
Basta tocar-te… tua mão na minha. O calor e a força que transmites são a resposta sem pergunta!

Amanhã é outro dia…

Sunday, November 12, 2006

Maçã e Canela

É por entre as bolhas de sabão e a tepidez que me forra os poros, que neste banho de imersão me afundo e depois levito!
O vapor envolve-me o corpo, e deixa um rasto de maçã e canela. O seu âmago arrebata-me para lá destas quatro paredes, onde aquela melodia não cessa de tocar!
Deixo-me consumir pelas notas que se vão entranhando, uma a uma, em cada bolha de sabão, e que ao rebentarem se unem numa pauta só…

Saturday, November 11, 2006

Embora



Peguei em tudo… e tudo meti na mala!
Puxei a porta e ela fechou-se atrás de mim! Não olhei uma única vez para trás (assim não vai custar tanto)!
Mudei de vida! E hei-de mudar todas as vezes que for essencial, para nunca deixar de viver esta minha máxima…
Percorro o trilho que não me é de todo desconhecido, e por isso me deixo levar, sem norte e sem bússola, que nem uma pena solta! Prefiro olhar de quando a quando as estrelas, sei que elas estão sempre lá… nunca me desampararam nem agora o vão fazer!
E se me sentir cansada nesta caminhada, entrego-me ao meu tutor, o destino! É ele que me dá o fôlego de cada dia que nasce, desde o dia em que eu surgi.

Thursday, November 9, 2006

gabriel


I can fly
but I want his wings
i can shine even in the darkness
but I crave the light that he brings
revel in the songs that he sings
my angel gabriel
i can love
but I need his heart
i am strong even on my own
but from him I never want to part
he's been there since the very start
my angel gabriel
my angel gabriel
bless the day he came to be
angel's wings carried him to me
heavenly
i can fly
but I want his wings
i can shine even in the darkness
but I crave the light that he brings
revel in the songs that he sings
my angel gabriel
my angel gabriel
my angel gabriel
Lamb

Monday, November 6, 2006

Ganas !!!



Não sei o que me deu hoje, só sei que tive insónias como há muito não tinha! Sentia um fervor imenso dentro de mim, e enquanto estive esperta, a cabeça latejou incessantemente!
Das palmas das mãos escorria-me suor, como se eu tivesse estado a escrever horas a fio enquanto o tempo, meu aliado, esperava por mim!
A minha garganta estava seca, como se eu tivesse falado sem saber o que é uma pausa!
Parece que todos aqueles vocábulos e frases articuladas que guardei durante o passar dos dias, e que nos momentos mais oportunos não fui suficientemente forte para os dizer, se libertavam todos de uma só vez. Dos dedos soltava tinta, e da boca cuspia sons!
E enquanto se construía à minha frente uma página da minha vida, ofuscada pelas acções não premeditadas do meu inconsciente, encontrei o que (afinal) buscava… a razão das minhas insonolências…
Já com um quarto de século vivido, a experiência de vida não é nula, nem suficiente para dizer que já vivi o que tinha para viver. Sei que já fui muito feliz e muito triste, já ganhei e já perdi, já cai e levantei-me e já conheci em mim alguém que desconhecia, já lutei por o que hoje tenho, e já ultrapassei o que mais temia! Sei que tudo aquilo que dependia de mim para estar agora aqui, o tenho feito (ou tentado fazer) da melhor forma que me tem sido possível, mas também sei que aquilo que para mim é correcto, é errado para muitos outros, e o que me parece bem, pode ser o mal de outrem…
É por isso que dispenso a aparência com que tentam iludir os outros, e com que ensaiam transpor o que ainda não foi digerido! Não assimilo bem o lamento da perda de algo que nunca se teve, assim como as lágrimas que se soltam pela mágoa da fantasia que subestimou a verdade! Não me convencem com frases feitas e palavras ousadas, alimentando a mente de quem as lê com imagens do que não se viveu na sua plenitude!
Não é assim que se vive… num mundo que não este… onde os sonhos mais sonhados são o escape do dia a dia de quem não sabe aceitar o que lhe chegou às mãos, e afinal foi o que andou a derramar desde sempre!

Sunday, November 5, 2006

Acordar

Imagem: Lajos Filep


Já é dia, mas a noite teima em não me deixar!
Ainda estão bem presentes o indistinto, o odor, e o som do quase silêncio sem modéstia, típicos do cenário propositado que foi a directa de paixão descomedida. Momentos de dejà vou que me preencheram o repouso de sonhos quentes e extasiantes de dois amantes insaciados de paixão… não quero acordar!
Mas o corpo é quem manda! A desidratação de um físico exausto é mais forte e põe-me alerta!
Pesa-me a cabeça e sufoco quando olho pela janela e noto que a chuva não cessou! Os uivos do vento soam-me a soluços, tal e qual a criança que chora desesperada por algo que não alcança…
A emoção é momentânea!
Desligo-me por momentos deste mundo e do outro, e tento entrar dentro de mim! Relembro cada mili segundo do passado bem presente e o que me levou até ali. Primeiro, a instabilidade do meu próprio, a incerteza da certeza, a digestão de veredicto; depois, o prazer de cada toque, o gozo de contemplar, o murmúrio e a pausa do deslumbramento!
Tudo se limita à fúria experimentada do antes e ao sabor inigualável do depois! Foi a cura do mal alojado em mim…
Um raio de sol atreveu-se a rasgar as nuvens, o sufoco quebrou e enchi-me de ar até não poder mais.
O vento amainou e eu acordei… de vez!!

Friday, November 3, 2006

A Consciência do momento



É estranho estar assim…
Antes de ontem, era com o que eu sonhava!
Ontem, era o que mais me sufocava!
Hoje, que experimento tudo isto, parece que não é autêntico!
Quando a verdade é assim, tão boníssima e deleitosa de se viver, não consigo agarrá-la com toda a força merecida, e por ocasiões a deixo escapar por entre os dedos das minhas mãos. São momentos em que me perco por este devaneio de vida, e em que não os logro da forma devida.
Porém, assim como experimento estas fracções do tempo e do espaço, também tenho outros instantes em que acordo do transe do deleite, e tomo consciência do genuíno que me envolve!
É então que sorrio! Respiro fundo e sinto o meu peito a pedir mais do que apreciou! Este ar puro, sincero e maduro que me tem preenchido os dias desde que me redescobri, que me conforta todas as noites e me acaricia durante o dia! E é então que me (re)consciencializo e olho tudo de uma forma mais sóbria e crescida, que até então receava fazer-se mostrar!