Sunday, November 5, 2006

Acordar

Imagem: Lajos Filep


Já é dia, mas a noite teima em não me deixar!
Ainda estão bem presentes o indistinto, o odor, e o som do quase silêncio sem modéstia, típicos do cenário propositado que foi a directa de paixão descomedida. Momentos de dejà vou que me preencheram o repouso de sonhos quentes e extasiantes de dois amantes insaciados de paixão… não quero acordar!
Mas o corpo é quem manda! A desidratação de um físico exausto é mais forte e põe-me alerta!
Pesa-me a cabeça e sufoco quando olho pela janela e noto que a chuva não cessou! Os uivos do vento soam-me a soluços, tal e qual a criança que chora desesperada por algo que não alcança…
A emoção é momentânea!
Desligo-me por momentos deste mundo e do outro, e tento entrar dentro de mim! Relembro cada mili segundo do passado bem presente e o que me levou até ali. Primeiro, a instabilidade do meu próprio, a incerteza da certeza, a digestão de veredicto; depois, o prazer de cada toque, o gozo de contemplar, o murmúrio e a pausa do deslumbramento!
Tudo se limita à fúria experimentada do antes e ao sabor inigualável do depois! Foi a cura do mal alojado em mim…
Um raio de sol atreveu-se a rasgar as nuvens, o sufoco quebrou e enchi-me de ar até não poder mais.
O vento amainou e eu acordei… de vez!!

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